
Como Samir Xaud se Tornou o Candidato Único à Presidência da CBF
Um Novo Começo à Frente da CBF
Na foto de registro da sua candidatura, Samir Xaud estava cercado por 20 dirigentes que simbolizavam um movimento que lançou esse cartola, até então desconhecido, em direção à presidência da CBF. Nascido em Roraima, ele se prepara para assumir o cargo após a eleição que acontece no próximo domingo (25). A ideia é deixar claro que não se trata de uma candidatura individual, mas de um projeto coletivo.
"Eu não falei 'eu quero'. Foram cogitados alguns nomes e meu nome foi escolhido. Então, por conta do grupo e do projeto, eu aceitei", contou Samir ao UOL.
O Contexto da Candidatura
A foto emblemática, que juntou federações, um interventor e novos vices, foi tirada no terceiro andar da sede da CBF, anteriormente liderada por Ednaldo Rodrigues. Antes da eleição, muitos se lembravam de como esperaram longa e pacientemente na ante sala daquele gabinete, buscando a atenção do agora ex-presidente. A relação entre Samir e Ednaldo azedou nos últimos tempos, e as federações estaduais, que têm o maior peso de voto, começaram a se mobilizar.
Em meio a toda essa movimentação, a escolha recaiu sobre Samir, de apenas 41 anos — mais novo, alto e forte do que os seus colegas. Ele é médico, faixa preta de jiu-jitsu e um grande fã de kart. Aliás, Samir teve que cancelar sua participação no Campeonato Norte Brasileiro de Kart, com tudo já pago, para se dedicar 100% à CBF.
Mudanças à Vista
O cenário está mudando. O novo presidente busca dar um novo ar à entidade, com a ideia de implementar uma atualização no estilo de fazer futebol, embora ainda mantendo as tradições do sistema brasileirão. A saída de Ednaldo, acusada de ser uma “traição” ao movimento que o colocou no poder em 2021, foi um divisor de águas. A eleição unânime para um novo mandato em março? Uma ilusão.
A decisão da Justiça do Rio em afastar Ednaldo uniu uma variedade de grupos: federações, influentes famílias do Judiciário e figuras políticas menos conhecidas. Os clubes, por sua vez, tiveram um papel secundário nesse drama, sendo apenas uma formalidade na eleição, já que cinco deles eram necessários para legitimar o processo.
Apoios e Convergência
No final das contas, o resultado foi um apoio formal de 25 federações e dez clubes. Entre os da Série A, tivemos o aval dos gigantes como Palmeiras, Vasco, Grêmio e Botafogo. Na Série B, equipes como Remo, Paysandu, Amazon, CRB, Volta Redonda e Criciúma também deram seu suporte. Não havia qualquer unidade nas ligas.
Reinaldo Carneiro Bastos, da Federação Paulista, acabou ficando no isolamento. E mesmo com o apoio de 30 clubes, entender como Samir surgiu no cenário não é tão simples.
Na noite de quinta-feira, logo após a saída de Ednaldo, o nome de Samir começou a ganhar força. Na sexta, a articulação já contava com o apoio de 22 federações. Mas por que escolher Samir? Ele não surgiu do nada, mas também não tinha força para ser o chefe da própria candidatura. No início, três nomes estavam na mira: Ricardo Gluck Paul da Federação do Pará, Luciano Hocsman da Federação Gaúcha e, claro, Samir.
A Nova Geração no Comando
A ideia era de apostar numa nova geração de dirigentes, e é daí que veio a rejeição ao nome de Rubens Lopes da Ferj. Fontes revelaram que dentro do bloco político em Brasília, havia uma preferência por Paul ou Luciano, mas sem imposições. A conclusão, no entanto, foi de que Samir seria o melhor nome para a candidatura.
Com a força da região Norte, Ricardo Paul acabou na chapa como um dos vices, e todos se uniram, incluindo Luciano, que também assinou apoio à candidatura em um hotel na Barra da Tijuca.
O Que Esperar de Samir
O lado low profile de Samir pode ser visto com desconfiança por alguns, já que um cartola de Roraima não representa um grande poder no cenário nacional. Mas ele não tinha problemas pessoais com ninguém, e isso pode ser um trunfo na hora de negociar.
Uma frase que ecoa por aí é que a CBF, no momento, não precisa de um expert em Direito ou Marketing. A aposta é em alguém que saiba lidar com as relações pessoais, abrindo espaço para todos.
Na formação da equipe, Fernando Sarney, o interventor, irá reocupar cadeiras nos Conselhos da Fifa e da Conmebol, que eram de Ednaldo. Já Flavio Zveiter terá papel essencial na implementação de projetos técnicos e na luta por um campeonato mais justo.
Ricardo Paul ficará responsável pelo marketing e comunicação, enquanto Michelle Ramalho fará história ao se tornar a primeira mulher como vice-presidente da CBF.
E no quebra-cabeça todo, a chapa não se esqueceu de garantir as cadeiras que já estavam ocupadas por Rozenha, Rubens Angelotti e Gustavo Dias Henrique, que têm influência nas negociações em Brasília.
Está chegando o grande dia! A eleição acontecerá na manhã do próximo domingo (25). E, só para lembrar, Carlo Ancelotti chega na segunda-feira (26), com uma longa lista de tarefas para um futuro melhor na CBF.
Fonte: UOL - Como Samir Xaud virou candidato único a presidente da CBF