
Como a Filadélfia Driblou o Racismo, Assim como Vini Jr.
Hoje, o Vinícius Júnior, craque do Real Madrid e um dos grandes ativistas na luta contra o racismo, vai jogar pela primeira vez na Filadélfia. E tem uma história muito bacana sobre essa cidade que é considerada o berço do abolicionismo nos Estados Unidos e que literalmente driblou o preconceito.
O Underground Railroad
Entre 1830 e 1860, a Filadélfia fez parte do movimento conhecido como Underground Railroad, ou Caminho de Ferro Subterrâneo. Esse sistema ajudou milhares de pessoas escravizadas a fugirem para a liberdade.
Mas "ferrovia" aqui é só uma metáfora! Na verdade, era um esquema clandestino e super complicado de rotas de fuga, que contava com:
- Caminhos secretos
- Abrigos clandestinos e seguros
- Guias para acompanhar os fugitivos
E para se comunicar, usavam um código baseado em palavras relacionadas a trens, como:
- "Passageiros" ou "Carga": os fugitivos
- "Trem": o grupo de fugitivos
- "Chegar à estação": alcançar um esconderijo
- "Maquinista": o guia
Além disso, para sinalizar onde estavam as casas seguras, eles usavam truques como velas nas janelas e bonecos de pano nas varandas. Criatividade total!
A Importância da Mother Bethel
Num cenário tão forte, uma igreja se destacou como um refúgio essencial para os fugitivos: a Mother Bethel African Methodist Episcopal, que foi fundada em 1794 por Richard Allen. Essa igreja surgiu como um grito contra o racismo e a segregação que existia dentro das igrejas metodistas brancas.
Allen e outros negros livres foram obrigados a orar em uma área segregada, e foi a gota d'água para ele criar sua própria igreja voltada para a comunidade negra. Hoje, a Mother Bethel é considerada a propriedade mais antiga de afro-americanos nos EUA!
Durante o período do Underground Railroad, essa igreja foi um importante esconderijo. O porão, por exemplo, funcionava como um centro de acolhimento, onde os fugitivos podiam descansar, receber cuidados médicos e até planejar como seguir em frente rumo à liberdade.
William Still, conhecido como o "Pai do Underground Railroad", era parte ativa da comunidade da Mother Bethel. Como secretário do Comitê de Vigilância da Filadélfia, ele mantinha registros detalhados dos fugitivos, anotando tudo: nomes, histórias, rotas e até familiares.
Um Bairro de Cultura e Resistência
Recentemente, o UOL esteve no bairro East Center City, onde fica a Mother Bethel, e o lugar transborda cultura preta. Placas e grafites por todo lado celebram a contribuição da comunidade negra. A rua principal é cheia de lojas e restaurantes que refletem essa diversidade.
A igreja é um espetáculo à parte, com uma estátua imponente de Richard Allen na calçada e uma placa que conta sobre a Sociedade Africana Livre, criada em 1787 para promover identidade, liderança e união entre os negros.
Vini e a Filadélfia
Dando um nó na questão do preconceito, Vini Jr. deve se sentir "em casa" na Filadélfia, que tem cerca de 40% da sua população composta por negros e é uma das cidades mais engajadas nessa luta nos EUA. O famoso Joel Embiid, estrela do Philadelphia 76ers e defensor do atacante, já foi visto com uma camisa com a hashtag #StopRacism após os ataques racistas que Vini sofreu.
O jogo de hoje acontece no Lincoln Financial Field, um estádio que se ergue em um solo que outrora serviu como uma rota de fuga para os escravizados. Ele fica a cerca de 2,5 km da Mother Bethel!
O Real Madrid, líder do Grupo H, está com os mesmos quatro pontos que o Red Bull Salzburg e vai enfrentar os austríacos hoje, às 22h (horário de Brasília), em busca de uma vaga nas oitavas de final. O Al-Hilal, da Arábia Saudita, tem dois pontos e o Pachuca, do México, está com zero.
Então, vamos torcer por mais um jogo incrível e por um futuro mais justo!
Fonte: UOL - Como cidade que recebe jogo do Real driblou racismo tal qual Vini Jr.