
A Relação Tóxica Entre Torcedores e Seus "Pais Ausentes"
Então, vamos falar sobre um tema bem delicado, mas super pertinente: o Dia dos Pais. Para muita gente, essa data não é exatamente uma celebração. É triste, não só para quem já perdeu um pai e sente a saudade, mas também para aqueles que têm um pai "ausente". E, para ser sincero, esse termo nem é usado com tanta força quando falamos de mães, né?
O Pai Ausente na Prática
Esse tal de pai ausente é uma figura que aparece de vez em quando, como um cometa. Ele aparece, leva a criança para comer um hambúrguer ou tomar um sorvete e, quando volta para a mãe, se torna o herói da história. A criança, por sua vez, adormece sonhando com o próximo encontro, torcendo para que não demore tanto. Esse cenário me lembrou a relação que alguns clubes de futebol e seus ídolos têm com a torcida.
A Expectativa e a Realidade
Os jogadores e clubes estão lá, ganhando milhões e sendo tratados como verdadeiros deuses. A única coisa que esperamos deles é que façam seu trabalho, certo? Mas, se alguém se atrever a cobrar um desempenho melhor, já era. Imagina vaiar? Fazer protestos? Ou então um estádio vazio? A torcida é considerada a ingrata da história.
- Doação de tempo e dinheiro: Além de gastar uma grana para ir ao jogo, os torcedores ainda precisam ter tempo e até saúde mental para amar incondicionalmente o time. E, se por acaso eles se atreverem a reclamar, não são considerados "verdadeiros torcedores".
Claro que eu não sou a favor de violência, tipo invadir vestiários ou jogar rojão no CT. Mas quem vai a um estádio e investe uma grana nesse ingresso não pode exigir mais do seu ídolo? Não pode pedir para que o jogador jogue com mais garra, considerando tudo o que faz para estar lá? Infelizmente, se fizer isso, corre o risco de levar uma bronca.
E Agora?
Então, o que sobra para aquelas pessoas que só querem um pouco mais em troca do tanto que oferecem ao time? O torcedor comum não tem jornalistas ao seu dispor, não tem acesso aos jogadores fora dos dias de jogo e muito menos frequenta os mesmos lugares que a elite. Eles têm voz, mas não têm uma plataforma para se expressar.
Quando a torcida está chateada com a entrega do time, com situações de corrupção no clube, com dirigentes que não respeitam o torcedor ou com grandes jogadores que claramente não estão dando o máximo, o que eles podem fazer?
Parece que a resposta é: nada. Assim como a criança que deve agradecer pela mínima atenção daquele pai tão ocupado, a torcida acaba tendo que abaixar a cabeça e apenas oferecer amor, agradecendo por estar ali, nessa família linda onde os deveres são muitos, mas os direitos são quase nenhum.
Espero que essa reflexão traga à tona uma discussão importante sobre como essas relações funcionam. Afinal, o amor e a dedicação não devem ser um monólogo, mas sim um diálogo entre torcedores e seus times.
Fonte: UOL - A relação tóxica entre torcedores e seu 'pai ausente'