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·Fernando del Cantão·

Como o novo contrato do Flamengo com a Betano mostra o futuro das receitas no futebol

O que aconteceu com o contrato entre o Flamengo e a Betano foi uma verdadeira surpresa, e não é pra menos. Com um pagamento anual de R$ 256 milhões e mais R$ 12 milhões via Lei de Incentivo, a parceria vai muito além do que a gente está acostumado a ver em patrocínios.

O que essa parceria significa?

Essa jogada do Flamengo e da Betano não é só mais um contrato; é um indício claro de como as receitas do futebol brasileiro estão prestes a mudar. Se olharmos para o que já rola na Europa, podemos ver um panorama onde as propriedades comerciais se transformam no principal ativo dos clubes.

Tradicionalmente, os direitos de transmissão e a TV foram as maiores fontes de renda dos times, especialmente nos últimos 30 anos. No entanto, esse cenário está mudando e a evolução é nítida. Segundo a consultoria Deloitte, no seu relatório Money League, os clubes europeus acabam arrecadando mais com vendas comerciais do que com os meios de comunicação.

Para se ter uma ideia, os 20 clubes mais ricos da Europa faturaram, em média, 244 milhões de euros com marketing e licenciamento, enquanto as receitas de TV ficaram em 213 milhões. Isso é uma grande mudança em comparação a 2017, onde os direitos de transmissão eram a maior fonte, com 177 milhões de euros apenas em TV, contra 151 milhões em propriedades comerciais.

Uma nova era no Brasil

No Brasil, essa tendência já está aparecendo, mesmo que ainda esteja engatinhando. Isso pode ser atribuído à chegada das casas de apostas, que, sem dúvida, contribuiu para aumentar os valores dos patrocínios.

De acordo com um relatório da consultoria Convocados, os clubes brasileiros de elite faturaram cerca de R$ 1,634 bilhão com propriedades comerciais em 2024. Para se ter uma noção, esse número era de apenas R$ 530 milhões em 2020! Ou seja, o crescimento foi de mais de três vezes.

Por outro lado, os direitos de transmissão evoluíram de R$ 2,154 bilhões em 2020 para R$ 3,264 bilhões em 2024. Embora tenha havido um aumento, a velocidade desse crescimento é bem mais contida em comparação às propriedades comerciais.

O impacto do digital

Com a digitalização, os clubes conseguem explorar suas marcas de maneira bem mais eficaz, tanto local quanto globalmente. As redes sociais facilitam o contato direto entre os times e seus torcedores, sem precisar dos meios de comunicação tradicionais.

Além disso, vários clubes, como o Barça TV e a Flamengo TV, têm sua própria mídia, aumentando assim o seu alcance e controle sobre o conteúdo que produzem.

E o melhor de tudo: os times estão conhecendo seus torcedores a fundo, o que os ajuda a transformar essa paixão em clientes para seus parceiros. Isso acontece com o uso de cadastros em grandes bancos de dados, sempre respeitando a legislação de proteção de dados.

O que vem por aí?

Esses fatores foram cruciais nas negociações entre o Flamengo e a Betano, elevando o valor do contrato a níveis surpreendentes. Claro, a torcida do Flamengo é a maior do Brasil, o que por si só já garante um grande potencial comercial, mas cada clube tem a chance de aproveitar seu público e sua marca.

Para isso, é preciso investir, já que o dinheiro das propriedades comerciais não aparece simplesmente apertando um botão, como acontece com as transmissões de TV.

No fim das contas, estamos apenas começando a ver essa nova era no futebol e, com certeza, muitas mudanças ainda virão por aí!

Fonte: UOL - Como contrato do Flamengo e Betano indica mudança nas receitas do futebol

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