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·Fernando del Cantão·

Disputa Jurídica e Política: A Fragilidade da Liga do Futebol Brasileiro

A briga pela divisão de receitas na Libra (Liga do Futebol Brasileiro) está pegando fogo! Recentemente, o Flamengo conquistou uma liminar no Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro (TJ-RJ) que bloqueou o repasse de R$ 77 milhões do contrato de pay-per-view com a TV Globo. E, claro, essa ação não passou despercebida pelos outros clubes da liga, que já começaram a reagir.

Reações em Cadeia

O Palmeiras foi um dos primeiros a soltar o verbo, soltando uma nota super dura. Eles acusaram a gestão do Flamengo de "postura predatória e torpe" e de tentar "asfixiar financeiramente" os outros clubes para se dar bem. Mesmo sabendo que poderiam sair ganhando com essa mudança, o Palmeiras deixou claro que o foco deve ser o crescimento coletivo do futebol brasileiro.

Seguindo o exemplo do Verdão, times como São Paulo, Santos, Atlético-MG e Red Bull Bragantino também foram para o ataque e criticaram o Flamengo, destacando que essa liminar pode comprometer a estabilidade da liga e dificultar a criação de um produto competitivo.

O Que Motivou o Flamengo?

O Flamengo entrou na justiça afirmando que a divisão da cota de audiência — que representa 30% do contrato — não reflete seu verdadeiro papel no mercado. Apesar de ser responsável por cerca de 47% da audiência nacional, eles estariam recebendo apenas cerca de 20% desse montante.

De acordo com o estatuto da Libra, o Flamengo alega que teria direito a vetos em mudanças dos critérios de distribuição, e que essa regra não foi respeitada. Agora, com a liminar, o dinheiro que seria repassado aos clubes está retido.

O Flamengo já havia tentado essa liminar antes, mas na primeira instância não teve sorte. Foi só em uma segunda análise pelo TJ-RJ que o pedido foi aceito. O processo tá rolando em segredo de Justiça, mas sabe-se que o dinheiro referente à audiência seria repassado em quatro parcelas.

A Resposta da Liga

A Libra não ficou calada e, em uma nota, apontou que a ação do Flamengo vai contra o espírito coletivo que a liga busca promover. Eles lembraram que os critérios de divisão foram aprovados em assembleia e são baseados em um modelo democrático que visa equilibrar as forças dentro da competição. Para a liga, as atitudes do clube carioca priorizam interesses individuais em detrimento da construção de um produto sustentável.

Trocando Ideias sobre o Jurídico

Posicionamentos: Flamengo vs. Libra

Do lado do Flamengo, os principais argumentos são:

  • O estatuto exige unanimidade para mudanças nos critérios de distribuição;
  • O critério atual fere a proporcionalidade, já que o clube gera mais audiência do que o dinheiro que recebe;
  • O que seria um abuso de maioria por parte dos outros clubes.

Por outro lado, a Libra defende que:

  • As decisões nas assembleias são tomadas por maioria qualificada, não por unanimidade;
  • O contrato com a TV Globo já está valendo e precisa ser mantido;
  • Alterações nas repasses por decisões limitadas criam incertezas jurídicas e colocam em risco a estabilidade da liga.

Visões de Especialistas

Especialistas estão divididos. Advogados que foram entrevistados acreditam que essa disputa pode se arrastar por um tempo. O Flamengo tem uma base legal que pode dar sustentação à sua reclamação, mas a tendência nos tribunais é da preservação da segurança nos contratos já firmados.

O advogado esportivo Gustavo Lopes colocou a questão em perspectiva: "É natural que existam divergências entre clubes em um momento de reestruturação do futebol brasileiro, mas a segurança jurídica precisa ser a prioridade. Quebrar contratos compromete a confiança de investidores e parceiros."

O jornalista e advogado Andrei Kampff também opinou, apontando que enquanto os clubes continuarem se tratando como adversários fora de campo, a tão sonhada liga independente estará sempre a um passo de ser apenas um sonho. Segundo ele, isso frustra a confiança e coloca em dúvida a credibilidade da Libra e o conceito de liga em si.

Possíveis Cenários Pela Frente

A liminar do Flamengo pode ser revista a qualquer momento. Se a tese do clube for aceita, pode rolar uma reavaliação dos critérios de distribuição com uma possível redistribuição retroativa. Caso a Libra mantenha sua posição, o Flamengo corre o risco de ficar isolado politicamente.

Além de toda essa disputa financeira, essa situação também mostra como os clubes brasileiros ainda têm dificuldade em construir um projeto coletivo forte. A gente já sabe: a governança clara e a colaboração entre as partes são essenciais para que a liga se torne realmente competitiva.

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Fonte: UOL - Disputa jurídica e política expõe fragilidade de Liga no futebol brasileiro

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