NO GRITO, NÃO!

Era uma vez um Time que parecia ter o sorte grande quando o assunto era Arbitragem. Sabe como é, todos os pênaltis marcadinhos a seu favor, e nenhum contra. Jogadores expulsos? Nem pensar! Impedimentos? Zero! Sempre que rolava uma dúvida, as decisões vinham com o carimbo: "é pró-Time". A galera dizia que a Confederação estava na mão do Time, e o Campeonato? Ah, com certeza tinha suas marcas de suspeita.

Mesmo quando a Arbitragem, sem saber do bem bolado, acabava tomando uma decisão que prejudicava o Time, a justificativa era sempre a mesma: “a decisão não impactou o resultado.” Se o Time perdesse, era porque o Oponente jogou como um verdadeiro gladiador, épico, soberano, e sempre pronto para o combate!

Os pênaltis que não foram marcados ou aqueles absurdos que caíam nas mãos do adversário não mudavam em nada a ideia de que havia um pacto secreto: o Time seria campeão, de qualquer jeito! E longe da honestidade, estava o verdadeiro grito da conquista.

Mas, por que raios o Sistema escolheria outro campeão que não fosse o Time? Por que não favorecer, sei lá, o clube com a maior torcida do país ou manter o campeonato disputado? Não, a meta era clara: fazer do Time o campeão, mais uma vez.

Os Paladinos da Justiça pareciam cegos para outros problemas do Campeonato: a qualidade dos gramados, o apinhado calendário, a falta de controle dos dirigentes, nada disso entrava na cabeça deles. Tudo conspirava a favor do Time. Arbitragens, campos, datas, e até a presidente, tudo sob controle. E eles falavam: "no grito!"

Curiosamente, enquanto isso, o resto do campeonato apanhava de Arbitragem que não fazia sentido nenhum. Lesões em clubes que jogavam em gramado natural eram uma epidemia! E quando o Time enfrentou duas partidas super importantes nas Datas FIFA, muito desfalcado, os Paladinos ainda assim acharam que isso era parte do plano. Seguiam ignorando tudo!

E sempre tinha uma explicação pronta para tudo – uma ginástica retórica digna da Simone Biles! Argumentos a torto e a direito para justificar quaisquer resultados, sabe? O importante era manter a ideia de que o Time não tinha méritos, mas sim o juiz do lado. Quem não quisesse ver isso, que não visse. “O Sistema é foda!”

Até que, um belo dia, todo mundo acordou e percebeu que o futebol do País estava desmoronando. Diretores fazendo comentários horríveis, cancelando investimentos no futebol feminino e demitindo treinadores a cada mês. Misoginia, racismo e LGBTFobia eram o pão nosso de cada dia. A Arbitragem jogava decisões bizarras em todos os jogos, o VAR era um verdadeiro pesadelo, e os gramados pareciam mais com pastos do que com campos de futebol. E o Time? Continuava vencendo a maioria, mas perdia algumas também, com pênaltis absurdos a favor e contra.

Indignados, os Paladinos da Justiça não se entregaram. Ligaram seus computadores e gritaram para quem quisesse ouvir: “No grito, não!”

E assim seguimos, torcendo por um futebol melhor!