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·Fernando del Cantão·

É incoerente pedir arbitragem na Premier League só quando convém

A polêmica sobre a arbitragem do jogo entre Flamengo e Palmeiras não parou no último domingo. Assim como em outras rodadas, a discussão seguiu firme, especialmente em relação ao pênalti que o Palmeiras, comandado por Jorginho, pediu em cima de Gustavo Gómez.

Outros Lances em Debate

Além desse lance, várias reclamações surgiram sobre outros momentos do jogo, como os choques entre Bruno Fuchs e Pedro – que mais tarde acabou sofrendo um pênalti – e a confusão entre Vitor Roque e Danilo. Segundo o André Hernan, da ESPN, o Palmeiras apontou falta em ambos os casos.

Agora, aquele primeiro lance, na minha visão, é um verdadeiro “cinza”. Poderia ser considerado ou não falta, sem que isso seja um erro. Se eu fosse o juiz, teria marcado o pênalti. No entanto, lances parecidos em jogos passados, como Wesley contra o Fortaleza e Miranda na Copa de 2018, não resultaram em marcações de falta. A CBF reclamou na época, mas a FIFA disse que não era nada.

Qual É o Critério de Novas Regras?

Independentemente das opiniões, fica a pergunta: que tipo de arbitragem queremos para o nosso futebol? O árbitro Wilton Pereira Sampaio foi coerente ao usar o mesmo critério durante todo o jogo – ele não marcou faltas em contatos, mesmo que a maioria deles fosse forte, nem em empurrões levinhos. Essa postura, embora diferente do que costumamos ver por aqui, foi consistente.

Aqui no Brasil, acabamos marcando pênaltis por toques leves demais – mas não senti que o lance do domingo se encaixava nessa categoria. Exemplos de pênaltis 'marcados a dedo' vão desde o que o Corinthians recebeu contra o Internacional até o que o Palmeiras não ganhou contra o Sport. As faltas que o Palmeiras se queixou em relação a Fuchs e Vitor Roque, sinceramente, só seriam marcadas em campeonatos cariocas de duas décadas atrás, onde qualquer sopro já era falta.

Assim, Sampaio foi coerente durante o jogo, mas seu estilo fugiu da norma que vemos no restante do Campeonato Brasileiro.

A Incoerência de Dirigentes e Jogadores

É interessante notar que, muitas vezes, dirigentes, técnicos e jogadores só fingem querer um critério uniforme. Quando a bola está com seu time, todos miram para uma arbitragem ‘brasileira’ – ou seja, qualquer toque é falta e uma entrada mais dura é cartão vermelho. “Como assim não expulsou?”. Já quando a situação é inversa e seu time está defendendo, a conversa muda para um estilo mais Premier League: onde 'trombadinhas' são permitidas e o jogo é de contato. “Futebol é um esporte de contato, oras!”.

E o Palmeiras, por exemplo, que reclama de algumas faltas, estava na mesma linha quando não viu intensidade no pênalti contra Arrascaeta, no primeiro turno. João Martins, o assistente do Abel Ferreira, até comentou que não havia falta. Um ponto de vista válido, já que era outro lance em situação de “zona cinzenta”. No entanto, foi o mesmo João Martins que, no último domingo, tentou falar com o Wilton dizendo que a arbitragem estava contra eles.

O Papel da Imprensa e da CBF

E não dá pra deixar de lado a nossa imprensa, que muitas vezes joga a lenha na fogueira. O toque levinho de hoje vira uma "bomba" na semana seguinte. Depois, vem a cobrança pela consistência dos árbitros.

É preciso urgentemente decidir o que queremos para a nossa arbitragem: mais contato, menos contato, essa mão é pênalti, aquela não é. Um corte na intensidade das marcações ajudaria. A subjetividade sempre vai existir, mas precisamos de uma linha de atuação.

E quem deve traçar esses parâmetros? A CBF, claro! Mas, olhando com justiça, a incoerência também está presente em quem critica sem ter um critério definido.

Então, vamos lá: # Que tipo de arbitragem realmente queremos?

Fonte: UOL - É incoerente pedir arbitragem de Premier League só quando interessa

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