Que sentido tem o futebol quando seus torcedores são massacrados?

Uma tragédia que esmaga o espírito do futebol

Hoje é dia de Flamengo na semifinal da Libertadores e temos também o Fluminense jogando no Maracanã. Mas, sinceramente, é bem difícil se empolgar com isso enquanto mais de 120 moradores do Rio de Janeiro foram mortos ontem como resultado de uma operação do governador.

De ontem para hoje, pelo menos 65 corpos foram levados para a Praça São Lucas, na Penha, por seus vizinhos, sem vida e retirados da mata. E o pior: eles nem estão na contagem oficial de vítimas.

Reflexões sobre quem perdeu a vida

Vamos pensar: quantos deles eram fãs de futebol? Quantos torciam pelo Mengão ou pelo Tricolor? Quantos sonharam em se tornar jogadores? Para muitos, o futebol era uma fuga da dura realidade de viver em um Estado que parece ignorar a vida de seus cidadãos mais pobres.

Ok, a alegação é que isso tudo foi uma operação para pegar bandidos e desmantelar o crime organizado. Mas, sinceramente, quem se importa para que time eles torciam?

O que realmente importa

Primeiro de tudo, deveríamos nos preocupar, e muito, com um governo que acredita ter o direito de executar cidadãos. Qualquer cidadão. Em segundo lugar, acreditar que todos os mortos eram bandidos é uma ingenuidade quase infantil. Além dos policiais, que são sacrificados nessa guerra maluca, já pensou em quantas pessoas comuns estavam apenas vivendo suas vidas e agora estão desaparecidas ou mortas?

São mães que perderam filhos, filhos que ficaram sem pais e crianças que se viram obrigadas a carregar corpos mutilados. No meio de tudo isso, uma praça se encheu de mortos não identificados em uma manhã comum de quarta-feira.

Ponderando a realidade

Mas, enquanto isso, a pergunta que todos se fazem é: quem será que o Filipe Luís vai escalar no ataque do Flamengo? E quanto ao Fluzão, será que vai conseguir uma vaga na Libertadores de 2026?

Temos que ter muita sorte para mesmo chegarmos lá em 2026.

A vida e o futebol não podem e não devem ser tratados como se eles estivessem em mundos separados. A conexão que nós, torcedores, tanto amamos é tragicamente interrompida por essas realidades perturbadoras. E é isso que faz o futebol perder seu significado.